Tuas palavras
inundaram-me os sentidos
como se de uma luz
fortíssima se tratasse
abri e fechei os olhos
e tive vontade de fechá-los
imediatamente
era demasiado doloroso.
Quis que se tratasse de um sonho
mas uma explosão de palavras
infiltrava-se na minha cabeça
chegadas dos ouvidos
vindas de tua boca.
Não podias estar
a falar a sério
parei de falar
para ouvir-te
e reparei
que teu discurso
habitualmente arrumado
e claro
se encontrava
num estado de organizada
confusão.
Querias partir
de minha vida
e no teu saco de viagem
querias levar
todas as lembranças
com que me comtemplaras
impossível!
Posso apenas entregar-te
as recordações materiais
mas os momentos
em que elas me foram entregues
não poderás arrumar na tua mala.
Há muito que desconfiava
que tinhas começado
a desejar este dia
tuas visitas
significavam apenas
para verificares
se ainda me querias.
Tanto quanto me lembro
nunca me deixei
arrebatar tanto
por ninguém
mas neste momento
não tínhamos nada de bom
ou sequer fútil
a dizer um ao outro
para além do "vou sair da tua vida"
e da minha resposta
"não pedirei que fiques
por saber que nunca resultaria."